Busca por eficiência energética, mudança climática, redução de emissões de gases do efeito estufa passaram a fazer parte do vocabulário dos executivos do país nos últimos anos. Até que ponto o discurso e a prática ambiental das empresas no Brasil evoluíram de forma consistente? Para Bárbara Oliveira, coordenadora do Programa de Sustentabilidade Global do Centro de Estudos da Sustentabilidade da FGV-Eaesp, o avanço é real. “Os líderes empresariais brasileiros percebem a complexidade da questão, a responsabilidade coletiva em relação ao meio ambiente e os riscos a gerir”, avalia. É pouco. “Precisamos avançar a passos mais largos”, afirma.
“A questão ambiental deve ser incorporada em todos os processos e em todas as áreas”, continua. “Deve envolver as pessoas da diretoria ao chão da fábrica e incluir toda a cadeia de fornecedores”, enumera. “Em resumo: precisa ser levada em conta em todas as decisões.” E, para ela, o ambiente de negócios no Brasil ainda está longe de chegar a esse nível de consciência. “É muito comum olhar o meio ambiente só do portão da fábrica para dentro”, diz. “Ou esquecer que tudo tem um impacto. Não adianta reduzir emissões de CO2 e triplicar o gasto de água, por exemplo.”
Apesar desses desafios, ela não acredita que o Brasil esteja atrás dos outros países na construção de um modelo de economia verde. “No momento, todos estão em busca desse modelo de sustentabilidade.” A responsabilidade por sua criação, no entanto, não deve recair unicamente sobre as empresas. “Todos precisam se envolver. Os consumidores precisam dar preferência aos produtos sustentáveis, as autoridades precisam estimular a sustentabilidade nos negócios, com incentivos positivos para ações ambientais voluntárias”, explica Bárbara.
Suzana Khan, professora da Coppe-UFRJ e vice-presidente de Mitigação do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), concorda. “O governo deve atuar no sentido de redirecionar o modelo de desenvolvimento”, afirma. Ela propõe ações práticas. “Não seria o caso de criar impostos, mas de estabelecer uma espécie de redução, de tributos verde, para diferenciar as empresas em função da pegada de carbono, por exemplo”.