Passeto: “País movimenta 100 milhões de toneladas de entulho por ano e 20 vezes mais desse volume de água
Acusados de serem os maiores desperdiçadores de água do país, setores da indústria já se conscientizaram dos danos provocados ao meio ambiente, e correm atrás de soluções para abrandar o problema. Entidades de classe investem em pesquisas, novas tecnologias, criam manuais de boas práticas, indicadores de rentabilidade e disseminam experiências bem-sucedidas aos seus associados na tentativa de estancar perdas.
A busca de parceria com órgãos governamentais também tem sido uma das ferramentas para diminuir o excesso de consumo. E nem sempre reduzir o uso de água significa ter de investir muito. Às vezes soluções simples já evitam abusos. Substituir as tradicionais torneiras de abrir e fechar pelas de válvula automática, adotar técnicas de reúso e até desenvolver uma nova fórmula para goma – insumo usado na fabricação de tecidos – pode gerar economia relevante.
“O setor têxtil, apesar de consumir muita água, é uma das indústrias que mais adotam o reúso, e saiu na frente ao criar uma cultura de medição de indicadores ambientais de desempenho”, garante Eduardo San Martin, diretor de meio ambiente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral (Sinditêxtil/SP) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Em parceria com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, no âmbito da Câmara Ambiental do Setor Têxtil, i sindicato criou um manual explicativo há quase uma década para a obtenção e aplicação de dados, a fim de quantificar e qualificar o desempenho ecológico das indústrias. “Com a adoção de uma cultura de medição de indicadores é possível construir uma visão de futuro, aperfeiçoar as etapas de planejamento, expandir e ampliar o negócio, e o mais importante: obter simultaneamente benefícios ambientais e econômicos na gestão dos processos”, comenta.
San Martin explica que na área do setor têxtil a grande vilã é a goma usada nos fios para produzir o tecido. Essa goma é desprendida durante a lavagem e vai para um tratamento de efluente. “Uma empresa, em busca de solução, conseguiu desenvolver em parceria com seu fornecedor um tipo de produto solúvel em água, que pode ser recuperado em membrana filtrante. A redução, nesse caso, foi expressiva, pois a indústria pode reutilizar a água após a recuperação da goma”, conta. Outra experiência vivenciada pelo setor diz respeito à troca de torneiras. “Uma indústria trocou todas as torneiras de abrir e fechar por outras de válvula automática. Isso ocasionou uma redução de 23% no consumo de água da fábrica”, acrescenta o diretor. “Os resultados são tão expressivos no setor que levou a indústria têxtil paulista a ser uma referência quando se fala em produção mais limpa”, conclui. O sindicato congrega 900 empresas.